Você sabia que as estatísticas apontam que no Brasil cerca de 40 milhões de pessoas sofrem com o ronco e a apneia do sono?  Isso representa aproximadamente quatro cidades de São Paulo, nossa maior metrópole, para se ter uma ideia.

De acordo com um estudo feito por uma universidade americana e divulgado pelo portal de notícias Gazeta Esportiva, estima-se que nos Estados Unidos, 38 mil pessoas morrem anualmente por conta de doenças do sono, como o ronco. Tal realidade mostra como algo que é tido como comum e as vezes até engraçado é preocupante e deve ser tratado com precaução.

Além da saúde, o ronco também atrapalha as pessoas em relação à suas vidas pessoais. Segundo Rosalind Cartwright, uma pesquisadora que faz estudos sobre relacionamentos em uma universidade de Chicago, o ronco é a terceira causa que mais motiva divórcios entre os casais, estando atrás apenas da infidelidade e dos motivos financeiros.

Para que você entenda mais sobre o ronco e saiba como realizar o tratamento adequado, caso sofra desse mal, elaboramos este post. A ideia é reunir o máximo possível de informações sobre o assunto, para que você entenda tudo o que precisa saber. Não deixe, portanto, de acompanhar os tópicos a seguir.

1. O que é o ronco?

É conhecido como ronco o ruído que as pessoas fazem quando ocorre o estreitamento ou a obstrução das vias respiratórias enquanto dormem. O barulho ocorre porque quando as vias se estreitam, a passagem do ar é prejudicada no processo de respiração, provocando a vibração das estruturas do nariz.

Dentro desse contexto, é normal que as pessoas ronquem quando estão dormindo de costas, por exemplo, pois nessa posição, os músculos da garganta ficam mais flácidos e a língua fica posicionada mais para trás.

No entanto, o ronco também pode ser patológico, por conta da chamada apneia obstrutiva do sono (SAOS), que gera uma parada respiratória durante o período em que a pessoa está dormindo. Quando alguém sofre com a SAOS, pode ficar sem respirar por pelo menos dez segundos, se for adulto, e três segundos se for criança.

Por esse motivo, é preciso que o ronco seja levado a sério! Quando alguém percebe que sofre com esse problema, precisa procurar um médico para fazer o correto diagnóstico e tratamento, pois a apneia pode levar até mesmo a morte, durante o sono.

É preciso desmistificar a falsa ideia que algumas pessoas têm de que o ronco é um sinal de sono reparador. Isso é senso comum, algo que já foi provado pela ciência que não é verdade, sendo o ronco muito prejudicial.

2. Quais são os sintomas?

Quando uma pessoa que ronca dorme junto com outras pessoas, é normal que os companheiros ou familiares percebam o alto ruído que ocorrem durante o sono. No entanto, uma pessoa que dorme sozinha pode não perceber que ronca, pois geralmente quem sofre da patologia não consegue ouvir o próprio barulho que produz.

Além disso, conforme já dito, nem sempre o ronco é patológico e pode ser até mesmo normal em algumas situações, mas quando esse fator vem acompanhado de outros sintomas, pode caracterizar a apneia do sono.

Os principais sintomas que se manifestam em um indivíduo com o ronco patológico são os seguintes:

  • ronco muito alto durante o sono, chegando a acordar outras pessoas que estão dormindo no mesmo local;
  • muito cansaço e fadiga durante o dia;
  • excesso de dores de cabeça no início das manhãs;
  • dificuldade para ter concentração  no trabalho e nos estudos;
  • sono agitado;
  • sono não reparador, dando a sensação de que não se descansa após uma noite inteira dormindo;
  • sofrer engasgamentos ou asfixias durante a noite;
  • ter um aumento significativo da pressão arterial;
  • sentir dores no peito durante a sono ou no horário em que estiver dormindo.

É importante que sempre que alguém perceber esses sintomas em si próprio ou em um familiar, procurar o mais breve possível um médico otorrinolaringologista, que é o profissional especializado em tratar as doenças do sono.

Cabe também ressaltar que o ronco e a apneia não acometem apenas os adultos, mas também as crianças. Por isso, é importante que os pais também estejam sempre observando a qualidade do sono de seus filhos e procurem um especialista, caso eles ronquem muito durante as suas noites de sono.

3. Quais são as causas?

O ronco é o efeito sonoro, o barulho, causado quando há uma vibração por conta do afunilamento das vias respiratórias. Desse modo, geralmente o ronco tem início ao final da base da língua.

Essa vibração que pode obstruir as vias nasais e causar o ronco pode ser mais acentuada em algumas situações. Existem, por exemplo, pessoas que podem ter imperfeiçoes anatômicas, como o tamanho das narinas.

Existem também casos em que o ronco ocorre por conta da estrutura óssea bucal, ou seja, da formação da maxila e da mandíbula. É normal que a mandíbula sustente a língua, promovendo a abertura bucal, de modo que a respiração deixe de ser feita pelo nariz e passe a ocorrer pela boca. Tal situação resseca a orofaringe, fazendo com que o ar chegue com impurezas até os brônquios.

A obesidade e o sedentarismo também podem ser consideradas causas do ronco. Isso se justifica pelo fato de tais fatores deixarem os tecidos da região respiratória menos densos e a musculatura da língua mais flácida, fazendo com que a passagem do ar seja limitada.

Os fumantes também têm mais predisposição para roncar, uma vez que as substâncias como que compõem o cigarro, como a nicotina, possuem efeito estimulante, causando problemas para a qualidade do sono. O mesmo ocorre com pessoas que têm o hábito de ingerir muita bebida alcóolica.

Outro ponto que deve ser levado em consideração como uma causa do ronco é o tamanho das amídalas. Pessoas com amídalas grandes, principalmente as crianças com idades entre 9 e 11 anos, podem ter problemas para respirar durante a noite, resultando em problemas de apneia.

Conforma visto, não exista uma única causa para a ocorrência do ronco. Por esse motivo, é muito importante fazer a visita a um médico, caso perceba algum sintoma das doenças do sono, pois somente assim você poderá ser submetido ao tratamento mais adequado, de acordo com o seu diagnóstico.

4. Como prevenir?

É importante também que você tenha consciência de que não precisa esperar o ronco acontecer para começar a se preocupar com esse problema. Afinal, com algumas atitudes simples é possível prevenir as doenças do sono como a apneia.

As principais maneiras de prevenir o ronco são as a seguir descritas:

Pratique atividades físicas

A prática esportiva é o melhor efeito terapêutico contra o ronco. Afinal, quem se exercita perde peso, dorme melhor e evita a sonolência diurna.

Caso você não tenha tempo de ir a uma academia, pode adaptar a sua rotina, como trocar o elevador pela escada, deixar o carro em casa e fazer alguns percursos a pé etc.

Tenha uma boa postura durante o sono

Quando alguém dorme com a barriga para cima, é normal que a língua relaxe e atrapalhe o processo respiratório.

Portanto, dormir de lado pode ser uma boa tática para evitar o ronco ou amenizar o barulho. No entanto, se mesmo assim o ruído persistir, é importante que seja procurado um médico.

Investigue e trate alergias respiratórias

As alergias respiratórias como a rinite e a sinusite também podem contribuir com a ocorrência do ronco, pois deixam o nariz entupido, sendo necessário que o corpo faça um esforço maior para respirar.

Fazendo uso de medicamentos e com outros tipos de tratamento é possível controlar as alergias, solucionando assim o problema do ronco.

Faça o alinhamento dos dentes

Quando a arcada dentária é desalinhada, também é possível que o ronco seja favorecido, uma vez que a posição incorreta dos dentes pode ocasionar a respiração pela boca.

Nesses casos, o mais recomendado é consultar com um cirurgião dentista e utilizar um aparelho ortodôntico ou outro tratamento por ele indicado.

Se você seguir essas dicas, certamente evitará o ronco e terá menos problemas do sono. Mas, se mesmo assim seguir com o problema, pode caracterizar algo patológico, sendo necessário fazer uma avaliação médica.

5. Quais são os principais tipos de ronco?

Os roncos também podem ser classificados em dois tipos: o ronco primário e o ronco secundário. Veja mais sobre cada um deles:

Ronco primário

O ronco primário, também chamado de ronco comum, é o tipo de ronco não considerado patológico, ou seja, que não é uma doença. Ele ocorre quando a respiração é obstruída, mas sem causar a falta de ar.

Esse tipo de ronco, embora não seja causado por uma doença, também pode apresentar malefícios como o incômodo do parceiro que divide a cama ou pessoas que dormem em quartos vizinhos ao da pessoa que ronca.

Para evitar que o ronco primário aconteça, convém adotar em sua rotina todas as dicas citadas no item 4 deste post.

Ronco secundário

O ronco secundário, por sua vez, é um sinal de apneia do sono, causando a suspensão da respiração durante o sono. A apneia tem ainda três subclassificações:

  • apneia central: quando há a ausência de esforço inspiratório, de modo que haja a cessação do fluxo de ar;
  • apneia obstrutiva: quando o esforço inspiratória ocorre, mas está associado à cessação do fluxo de ar;
  • apneia mista: quando há ocorrência simultânea dos dois tipos anteriormente descritos.

Se você apresentar algum sintoma que caracterize o ronco secundário ou alguma das classificações da apneia do sono, pode estar correndo um risco grave, pois quando há mais de 30 apneias durante a noite de sono, o ar não chegará em quantidade satisfatória até os seus pulmões.

Isso fará com que você possa apresentar um quadro de diversos malefícios como a hipertensão arterial, refluxos gastroesofágicos, depressão, impotência sexual e até mesmo a perda de memória recente.

6. Quais são e como são feitos os tratamentos?

Felizmente os roncos têm tratamento, porém eles devem sempre serem feitos de acordo com o diagnóstico de cada caso e com supervisão médica. Para que você conheça os principais tratamentos, elaboramos uma lista. Veja, a seguir.

CPAP

Sigla em inglês para Continuous Positive airway Pressure, o CPAP é um compressor de ar acoplado a uma máscara, que deve ser ajustado no nariz da pessoa que ronca, quando ela for dormir.

O aparelho age como um preventivo à obstrução da garganta e das vias nasais, possibilitando um sono de qualidade e sem roncos.

Apesar de parecer algo desconfortável, os pacientes que se submetem a esse tipo de tratamento não relatam qualquer incômodo durante o sono.

Dilatadores nasais

Os dilatadores nasais são pequenos dispositivos, feitos de materiais como a borracha, o silicone ou o plástico. A ideia é que o aparelho seja encaixado nas narinas antes da pessoa que ronca ir dormir.

Desse modo as narinas se mantém abertas, facilitando o fluxo de ar e o recebimento de oxigênio durante o sono.

Tratamentos cirúrgicos

Existem também alguns casos em que são indicadas cirurgias para resolver o problema do ronco. Geralmente a cirurgia é indicada em casos mais graves, quando as apneias já são superiores a 30 por noite, ou quando outros métodos de tratamento já foram testados e não se obteve um sucesso total.

Falaremos com mais detalhes sobre esse tipo de tratamento no item 8 deste artigo, que apresentará qual é o tipo de cirurgia para ronco mais indicada.

Esses tratamentos citados são os mais usais, porém existem outras técnicas que podem ser utilizadas no combate ao ronco, como o uso de dispositivos intra-orais e a fonoterapia, que nada mais é do que exercícios diários feitos com a supervisão de um fonoaudiólogo.

7. Quais exames devem ser feitos?

Para detectar o ronco patológico é importante que sejam realizados alguns exames, que podem ser indicados e feitos pelos médicos otorrinolaringologistas.

Tais exames podem caracterizar melhor o tipo de ronco de cada pessoa, de modo que o médico pode diagnosticar o problema com mais precisão e indicar o tratamento mais indicado para cada um dos casos.

Saiba quais são e como são feitos os principais exames para diagnosticar o ronco:

Polissonografia

Para investigar os distúrbios do sono de modo geral, um dos procedimentos mais usuais é a polissonografia, que nada mais é do que uma vigília durante o período que o paciente está dormindo.

Desse modo, alguns sensores são posicionados em pontos estratégicos no corpo da pessoa examinada. Tais sensores monitoram a ocorrência de roncos, a frequência cardíaca, o esforço necessário para fazer a respiração etc.

Todos esses registros permitem que o médico avalie qual é a real causa do ronco ou apneia durante o sono, podendo assim diagnosticar o tratamento mais indicado para o caso.

Split-night

O Split-night funciona da mesma forma que a polissonografia, porém dividida em duas partes. Na primeira é feito o diagnóstico da apneia do sono e na segunda é feito o uso do CPAP, equipamento que monitora a pressão aérea positiva contínua.

Esse exame é indicado geralmente para casos mais graves ou em que é necessário ter ainda mais precisão do que ocorre com o paciente no decorrer da sua noite de sono.

Laringoscopia

Esse exame tem o objetivo de avaliar as vias aéreas altas do paciente, como o nariz, a laringe e a faringe. Desse modo, é possível analisar se a pessoa tem rinite, sinusite ou outras doenças que podem fazer com que o ronco ocorra.

Rinomanometria

Trata-se de um exame que calcula o fluxo e a pressão nasal. O cálculo é feito por um aparelho que determina se um indivíduo tem ou não dificuldade em respirar pelo nariz. Caso o diagnóstico seja conclusivo de a respiração nasal está dificultada, o médico poderá pedir avaliações mais profundas para entender o que isso representa.

8. Existe cirurgia? Qual?

Em alguns casos em que o ronco e apneia do sono resistem por muito tempo, é recomendado que seja feita uma cirurgia chamada de uvulopalatofaringoplastia. Sendo assim, é o problema é geralmente solucionado de uma vez por todas, pois são feitas intervenções para que as vibrações durante o sono deixem de acontecer por fatores fisiológicos.

Trata-se de uma cirurgia que é realizada com anestesia geral, de modo que os pacientes precisam ficar internados no hospital por até três dias, para que seja monitorado no processo pós-operatório.

Na uvulopalatofaringoplastia, não é feito nenhum corte no rosto ou no pescoço do paciente, sendo realizada por via oral, sem deixar nenhuma cicatriz ou marcas externas após a realização.

Essa cirurgia costuma ser extremamente eficaz e corrige rapidamente o problema dos roncos, após que termina o período pós-operatório e de recuperação do paciente.

No entanto, em alguns casos, é preciso que ainda sejam feitos tratamentos subsequentes para que os roncos deixem de ocorrer de uma vez por todas, como o uso de máscaras durante os primeiros dias de sono e o uso de aparelho ortodôntico para corrigir a arcada dentária.

Em outras situações, os pacientes podem também ser submetidos a outros procedimentos cirúrgicos como a adenoidectomia, septoplastia e turbinectonia. Essas cirurgias menores podem corrigir imperfeições pontuais e auxiliar para o sucesso do procedimento como um todo.

Se um desses procedimentos adicionais for realizado, o paciente poderá precisar utilizar um tampão para evitar que aconteçam sangramentos após a cirurgia. O tampão é colocado no nariz e pode ser retirado após cerca de 3 dias.

9. Como encontrar um médico especializado?

Tratar o ronco e a apneia do sono não é algo tão fácil como pode parecer em um primeiro momento, como você já deve ter percebido ao ler este artigo. Sendo assim, é preciso encontrar um médico especializado no tratamento desse tipo de patologia.

O tratamento em apneia do sono e outros malefícios do ronco são feitos por médicos otorrinolaringologistas, pois apenas quem possui essa especialidade tem conhecimentos específicos que são fundamentais para o correto diagnóstico e tratamento.

Também é importante verificar a experiência que o médico possui nessa área. . No entanto, a experiência conta muito, pois além da tradição, o médico já acompanhou diversos casos, tirando lições práticas de cada um dos atendimentos realizados.

No caso de os pacientes serem crianças, é importante que os pais tenham ainda mais atenção na escolha do profissional que fará o atendimento aos seus filhos. É preciso ter em mente que além dos conhecimentos em na área, é necessário também que se tenha habilidade para lidar com os pequenos, como um otorrinolaringologista pediátrico.

Outro ponto importante e que pode ajudar na escolha de um médico especializado é conversando com outras pessoas que já foram atendidas pelo profissional. Desse modo, você pode solicitar depoimentos e tirar suas próprias conclusões ao ver cases de sucesso de pacientes que antes sofriam com os roncos e agora já não têm mais nenhum sintoma desse problema.

Vale destacar que, muitas vezes, apenas o médico otorrinolaringologista não conseguirá fazer um tratamento sozinho para tratar o ronco, sendo necessário também o acompanhamento de um cirurgião dentista, de um fonoaudiólogo, entre outros profissionais que juntos poderão propor um tratamento completo e que garanta a total solução dos incômodos e complicações de saúde que podem ser oriundos do ato de roncar.

E então, conseguiu entender um pouco mais sobre o ronco e os malefícios que ele pode trazer para a sua saúde e sua qualidade de vida?

Neste post tratamos sobre o que é o ronco, quais são os seus sintomas, as suas causas, como se prevenir, quais são os principais tipos de roncos, quais são e como são feitos os tratamentos para corrigir esse problema, os melhores exames para ter um diagnóstico preciso, o tipo de cirurgia indicado e como encontrar um médico especializado nessa área.

 

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