O que é Processamento Auditivo Central?

Chama-se de Processamento Auditivo Central a capacidade que o sistema nervoso tem para usar a informação que chega pela audição, ou seja, “é aquilo que o cérebro é capaz de fazer com o que o ouvido ouviu”. Ele está relacionado com habilidades auditivas desenvolvidas desde o nascimento (p.ex.: localizar o som, focar a atenção em um som e ignorar outros, discriminar um som do outro, memorizar sons sequenciais, etc.).

“É o que fazemos com que ouvimos”. (Katz, 1996)

“É como a orelha conversa com o cérebro”. (Musiek, 1994)

“Compreensão de como as orelhas comunicam-se com o cérebro, e como o cérebro compreende o que os ouvidos lhe contam”. (Musiek, 1996)

O que é um Transtorno de Processamento Auditivo Central?

Algumas pessoas têm dificuldade em realizar estas habilidades, o que leva a desatenção, dificuldade de concentração, de compreensão e de aprendizagem em qualquer idade. Esta dificuldade é denominada Transtorno de Processamento Auditivo Central.

Transtorno do Processamento Auditivo Central é um” transtorno de audição no qual há um impedimento da habilidade de analisar e/ou interpretar padrões sonoros. É uma dificuldade de lidar com as informações que chegam pela audição.” (Pereira,1997)

Muitas vezes, algumas crianças que não vão bem na escola são caracterizadas como “desatentas”, “agitadas” e “com falta de interesse”. Alguns adultos, por outro lado, queixam-se de dificuldades no seu dia-a-dia profissional e o convívio com familiares e amigos (memória, concentração, entendimento, etc.).

É possível que exista um Transtorno de Processamento Auditivo Central em ambos os casos.

Indivíduos com perda de audição e que já utilizam aparelhos auditivos queixam-se, às vezes, de dificuldade de entendimento quando expostos a algumas situações (p.ex.: em lugares muito ruidosos ou em conversas com várias pessoas ao mesmo tempo). Estas pessoas podem apresentar alterações no Processamento Auditivo Central.

O Transtorno do Processamento Auditivo Central pode estar presente inclusive em quem escuta normalmente!

A boa notícia é que estas dificuldades podem ser revertidas se tratadas adequadamente.

Como suspeitar de Transtorno de Processamento Auditivo Central?

A suspeita da existência de um Transtorno de Processamento Auditivo Central se faz através de uma entrevista detalhada feita pelo médico.

Como é realizado o exame?

É imprescindível apresentar exame de audiometria e impedanciometria realizados poucos dias antes da realização do PAC.

  • É realizado em crianças a partir de 6 anos de idade.
  • Tem duração aproximada de 1hora e trinta minutos.
  • E composto de vários testes de atenção, compreensão, memorização, etc.
  • O paciente deve vir descansado e em uso das medicações usuais.

Pré-requisitos para realização do exame de Processamento Auditivo Central

Segundo recomendações da American Speech-Language-Hearing Association (ASHA, 2015) e da ABA (Academia Brasileira de Audiologia, 2016), para a avaliação do Processamento Auditivo se faz necessário avaliação auditiva básica constituída por pelo menos exames de Audiometria Tonal, Audiometria Vocal e Imitanciomentria, que tenham sido realizadas no prazo máximo de até 30 dias antes da avaliação de PAC.

A avaliação do processamento auditivo (PAC) é constituída por uma bateria de testes auditivos que avaliam o processamento da informação auditiva a nível do sistema nervoso auditivo centra. Para tal, se faz necessário boa acuidade auditiva (ausência de perdas auditivas ou presença de perdas aditivas de grau moderado no máximo, e índice de reconhecimento de fala > 72%) e ausência de comprometimentos de orelha média, uma vez que um in put (entrada da informação auditiva) não pode estar comprometido.

O exame de Audiometria Tonal fornece os limiares auditivos, sendo possível detectar a presença ou ausência de perda auditiva (vale ressaltar que na presença de perda auditiva maior que 60 dBNA não se pode avaliar o processamento auditivo) e os valores exatos dos limiares por frequência específica que serão utilizados nos cálculos das intensidades aplicadas para cada orelha e para cada teste da bateria de testes que compõem a avaliação do PAC.

O exame de Audiometria Vocal fornece os dados a respeito do Índice de Reconhecimento de Fala (IPRF) que para a avaliação de PAC não pode ser inferior à 72%.

O exame de Imitanciometria fornece dados a respeito da integridade e da funcionalidade da orelha média. Em casos de alterações compatíveis e/ou sugestivas de otites agudas ou disfunção tubária, a avaliação de PAC está contra-indicada.